quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

CONTO DE NATAL



Eu poderia lamentar   não  ter ganhado bonecas,  não ter árvore de Natal, nem mesmo ceia, nos Natais da minha infância!
Não, não! Essas coisas nunca me fizeram falta!
Na verdade, eu tive muitas bonecas!
Não essas maravilhosas que compramos nas lojas de brinquedos, eu nem sabia que elas existiam!
Minhas bonecas eram vivas e cheirosas! Nasciam as pencas! Bastava  andar até a lavoura de milho da minha mãe!
Eu tinha o privilégio de escolher! Às vezes de cabelo loiro, outras  de cabelos morenos e até ruivas! Minha mãe não se importava, inclusive,  me ajudava  arrumar os cabelos  de milho, com lacinhos de tecido.

Mamãe era muito habilidosa e criativa! Dobrava uma folhinha  de papel pra lá e pra cá, recortava, e num instante eu tinha fileiras de  meninos ou meninas de mãos dadas para enfeitar minha casinha .
Procurava o talo mais robusto de uma folha de abóbora e com apenas um corte transformava-o numa flauta mágica!
Eu brincava de  casinha debaixo do pé de esporão de galo, que também servia de moerão, na esquina da cerca da horta.
Eu tinha pinheiros de todas as formas e tamanho! 
Não  dentro da minha  casa, mas estavam logo ali, espalhados por todo o campo.
Enfeitados com passarinhos coloridos que cantavam as mais lindas canções, e continuavam lá, mesmo   depois do Natal, enfeitando meu olhar!
O Natal não mudava a escassez   do cardápio das   refeições em nossa casa, porém, mamãe nunca deixou de fazer   bolachinhas, de várias formas, decoradas com açúcar colorido.
Era a melhor coisa do Natal!

“Jesú Bambino” repousava na manjedoura de minha imaginação, através  das histórias que mamãe  contava!
Com o passar do tempo  tudo mudou!
Ainda guardo a boneca que me dei de presente, assim que comecei trabalhar. Tenho árvore de Natal e graças a Deus, a ceia é farta!
Se sou feliz?
Sim, muito!
E também sou muito grata!
Mas sabe do que sinto falta?
Sinto falta de minha mãe!
 agora entendo  a magia que existia no seu coração!
O encanto  que havia na simplicidade de transformar nossa vida  humilde  em verdadeira  poesia!
Posso dizer que, graças a mamãe, as bonecas de espigas de milho foram personagens  importantes no meu mundo infantil, e ainda hoje dançam nas minhas lembranças, embalados pelo som rouco das flautinhas de talo de abobora!  
Posso também, ver mamãe embalando “Jusú Bambino” numa linda noite de Natal!


Queridos amigos, Feliz Natal, Feliz Ano Novo!
Beijo carinhoso!
Texto e fotografia de Jossara Bes.


domingo, 10 de dezembro de 2017

PALAVREANDO VERSINHOS




Vi  passar um passarinho
Pelo cheiro, é um Beija flor
Deixou cair um beijinho
Pelo gosto, é de amor!

Gosto de fazer versinhos
De quatro linhas, rimado
Encantos, simples encantos
Singelezas do passado!

Rabiscando esses versinhos
Espero um dia escrever
A mais linda poesia
Que seus olhos possam ler!

Esses versinhos me lembram
Um tempo longe guardado
Menininha, sonha, sonha
Um lindo sonho sonhado!

Menininha, sonha, sonha
Vive bem devagarzinho
Olha a vida, sonha a vida
Palavreando seus versinhos!



Poesia e fotografia de Jossara Bes.
Beijo carinhoso!