Para meus irmãos: Marilim, João, Roque, Marlouve e
Silvia! (Eloá e Luis Carlos, que já voltaram para o céu)
Com amor!
Enquanto a primavera tingia o dia com melodias
perfumadas, minhas duas irmãs maiores cumpriam suas tarefas de limpar e organizar
a casa.
Meu irmão, mais velho que eu, resolveu tirar o
tempo para aborrecer e azucrinar minhas
irmãs, pois a todo o momento, entrava em casa
e saía em seguida, com o perverso objetivo de sujar o chão que elas acabaram de limpar!
Eu, sem prestar muita atenção, ouvia os xingamentos
ficando mais e mais acalorados!
Cada vez que ele entrava em casa, correria, tabefes
e gritaria!
Mesmo assim, ele não parou!
Então, minhas irmãs bolaram um plano!
Se fazendo de sonsas, disfarçando a intenção, aguardaram!
Quando ele apareceu, pularam em cima dele e o prenderam dentro de uma caixa que havia na cozinha!
Caixa essa, de madeira robusta e
tampa bastante pesada que tinha a
serventia de armazenar mantimentos do
tipo, feijão, arroz, farinha...
Decerto, por aqueles dias, não havia muitos itens
armazenados!
Minhas irmãs acabaram a limpeza e não se ouviu mais
nem um “piu” de meu irmão, trancafiado dentro da caixa!
Quando
lembraram dele, já havia se
passado bastante tempo!
Correram para abrir a caixa! E lá estava ele, mãos cruzadas sobre
o peito e os olhos cerrados.
Elas, chamaram, gritaram, sacudiram estapearam e
nada! Ele permaneceu imóvel, “mortinho da silva”, como se dizia!
Então, elas se desesperaram!
Com tanto estardalhaço, curiosa, fui ver o que
estava acontecendo!
Minha irmã olhou para mim e aos prantos, falou:
- Corre chamar a mãe, avisa que o João morreu!
Eu ainda não entendia ao certo o que significava
“morrer”, no entanto, compreendi, pelo choro de minhas irmãs, que era
algo muito triste, e que eu também precisava chorar!
No mesmo instante saí correndo, limpando o choro da
cara e gritando por mamãe!
Minha mãe que
se ocupava da capina no morrinho das batatas, percebendo meu desespero, largou
a enxada e correu ao meu encontro!
Me joguei contra ela falando com voz chorosa:
- Mãe, mãe o João morreu!
Mamãe largou de mim e correu feito uma flecha, rumo
a nossa casa!
Lá chegando, meu irmão, que o tempo todo estava se
fazendo de morto, sentindo a presença de nossa mãe e pressentindo o que iria
acontecer, não aguentou mais o fingimento e desatou a rir! E logo, logo a chorar, pois começou a
apanhar de minha mãe!
Entramos os quatro pra uma “roda de laço”!
Até eu, que não tinha nada a ver com isso!
Imagine o susto, o desespero de mamãe!
Depois de passado o sobressalto, rimos muito!
Eita, brincadeira de mau gosto!
Naqueles tempos,...velhos tempos!
Beijos!
Texto e fotografia de Jossara Bes.