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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE (conto)




“Até que a morte os separe”! A frase ecoa na minha cabeça, me sinto zonza, fora do ar. A noite está tão escura! Só agora lembrei que sempre tive pavor da escuridão. O que importa? Caminho, pois não consigo mais correr, minhas pernas estão trêmulas, não agüentam mais. O suor encharca minha roupa, porém sinto minha pele  gelada. Pra onde ir? Não quero pensar nisso agora. Preciso me afastar, ir o mais longe possível. Ainda bem que não tem lua, assim não vejo minha sombra, me perco na escuridão. Não ouço nada, somente o som de meus passos e minha respiração ofegante. Não sinto dor, não sinto nada.
Me sinto oca, vazia. Sou apenas contorno de um desenho em preto e branco!
Um relâmpago risca o céu! O estrondo do trovão me tira do torpor.  O vento joga folhas no meu rosto com se quisesse me despertar. Não quero despertar! Quero “virar” vento, rodopiar no ar, flutuar, desaparecer!
Preciso rezar! Não consigo me concentrar! Pra onde será que está estrada vai me levar?
E a frase,... continua martelando! Como é que você pode fazer isso comigo? Como é que você teve coragem? E agora?
Outro relâmpago. O vento fica mais forte. Sinto o cheiro de poeira molhada, esse cheiro de chuva que quase todo mundo gosta. Eu não gosto, me sufoca! Os pingos caem grossos, doem na minha pele.
Ao longe vejo o reflexo de luzes, sim são faróis, e estão cada vez mais perto. A luz me cega. Não vejo nada. Não lembro de mais nada!
A pele pálida, os olhos cerrados. Coloco a rosa pálida igual a pele, nas suas mãos geladas.
Durma,...durma para sempre meu amor!

Jossara de Fátima Bes

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