Total de visualizações de página

sábado, 27 de agosto de 2016

CORES

Minhas Fotos - 2016



Impossível não reparar a explosão de beleza se revelando a todo instante.
A ultima semana foi de dias inimagináveis num mês de agosto, aqui nessa região do Brasil.
Como diz a música:

“ É o meu Rio Grande do Sul
Céu, sol, sul, terra e cor”..

Comentei com um amigo da pena que sentia em não poder apreciar de corpo e alma, detalhe a detalhe tamanha beleza.
Ele me consolou dizendo que grande parte das pessoas nem percebe!
Brinquei com ele dizendo que encho o “saco” de Deus agradecendo. Em muitos momentos a natureza me emociona, me eleva me engrandece!
Ele me respondeu:
- Ih, Jossara! Vê se você não infla muito o ego de Deus, pois assim cada vez Ele vai querer te dar mais, e daqui a pouco vai ficar tão convencido e reparar que é Deus mesmo!
Espirituoso, meu amigo!

É tanto perfume  de passarinho, cantiga de flor, revoada de folhas e um vento manhoso que não para de assoviar,  levinho feito borboleta!
Cantarolo baixinho, sorrindo feito criança!


Beijos!
Jossara Bes.



segunda-feira, 15 de agosto de 2016

MINHA VELHA



No ultimo sábado, dia 13 de agosto, durante a Feira do Livro na cidade de Santo Ângelo, (RS) houve o lançamento do livro, “3º Concurso de Contos 2015, Patrono: João Simões Lopes Neto”.
361 contos concorreram, sendo que 25 foram selecionados para compor o livro.
Estou feliz, pois meus contos classificaram nos três concursos.
Nessa edição inscrevi o conto, “Minha Velha”, memórias de minha infância e homenagem a minha avó paterna.
*********************************************************

MINHA VELHA

Quando uma coruja “rasga mortalha” cantar em cima do telhado de madrugada, é a “da foice” a  rondar!
- Bicho agourento, adivinhando morte, farejando defunto!
- Santa Barbina!
- Três vezes sinal da cruz!
- Xô, espanto! Deus há de livrar!

Levanta a velha num sobressalto!
Santo rosário enrolado em uma das mãos, na outra a lamparina bruxuleante, alumiando os  passos arrastados.
Vai benzendo, desenhando uma cruz imaginária, cômodo a cômodo, protegendo a  casa, afastando o mau presságio.
- Xite, bicho!
Grita a velha, arreganhando a janela de tábua, na escuridão gelada da madrugada.
A velha tem o tempo desenhado na pele e a sabedoria dos antepassados ecoando nas palavras abençoadas. Sabe das rezas, das novenas dos santos e da novena dos sete inocentes.
A escuridão espreita a velha, que afasta os males com ramo bento e benzedura!
- Xite bicho!
Ajeita o ramo de arruda na orelha, fecha a janela e solita reza para as almas penadas.
A velha sabe das ervas que curam os males do corpo e os males da alma!
Reza para São Brás para curar os males da buchada e Santo Antônio para arranjar marido para moça encalhada.
Rezas de um tempo muito antigo, que ganhou de herança de algum parente.
Ela sabe  ler o céu!
Sabe do tempo das secas e do tempo de chuvas grandes!
Sabe que  criança gosta de vir ao mundo nas mudanças de lua, e  quem conta estrelas ganha  verrugas.
A velha sabe tirar  mau olhado, míngua de criança novinha e olho grande.
Recomenda que sair do quente e ir para o frio entorta a cara da gente, e que
assoviar à noite, atrai almas penadas.
Reaviva o braseiro do fogão, aquenta o óleo de mocotó, afumenta as juntas para modo de desentrevar, passa na cara para dar brilho na pele  e nos cabelos para fortificar.
A velha  remexe o fogo. A coruja agourenta silencia. Solita  espera  o novo dia que se anuncia!


Beijos!
Jossara Bes.