Minhas Fotos - 2014
Queridos
Amigos!
Dia
22 de novembro na cidade de Santo Ângelo
(RS), durante a Feira do Livro, aconteceu o lançamento do livro, “2º Concurso
de Contos 2014”.
Nesta
edição, o Concurso de Contos teve como
patrono Aureliano de Figueiredo Pinto – médico, jornalista, historiador e
escritor gaúcho –, que faleceu em 1959, em Santiago.
Segundo
o secretário de Cultura, Lazer e Juventude de Santo Ângelo, Mario Simon, o
Concurso de Contos tem como foco principal o surgimento de novos escritores.
“Além disso, é uma oportunidade para divulgação da obra literária, através da
publicação de um livro”, destacou Simon. ( Fonte Internet)
Um
de meus contos foi classificado. Fico
muito feliz, pois o livro é distribuído nas escolas do município, como forma de
incentivo a leitura e escrita.
Mais uma de minhas memórias infantis, “causo verdade”!
Esse
é o conto publicado no livro:
ANTRICA
Nasci em um tempo onde as noites eram grandes e escuras!
Tempos de lampião de querosene e
cantigas de galo ao amanhecer!
As noticias chegavam através do rádio de pilha que enfeitava a prateleira da
sala!
Teixeirinha e Mari Terezinha eram sucessos regionais!
Ouvia-se dizer, que a moda nas grandes cidades era aprender falar
uma tal língua, chamada “inglês”! Aprender
inglês era para pessoas importantes, “coisa lá do estrangeiro”, dizia minha avó!
Eu, nunca ouvira uma palavra sequer em inglês, pois o mundo que eu conhecia terminava ali no morro,
onde o sol se apagava!
No meu pequeno lugarejo falava-se
muito em alemão e na casa das minhas tias o
dialeto italiano.
Certo dia, uma de minhas primas mais velha do eu, muito mais chique do que eu,
apareceu lá em casa muito feliz dizendo
ter aprendido falar inglês.
Fiquei muito entusiasmada e curiosa!
Logo ela foi me ensinando.
Nossa! Eu não imaginava que falar
inglês fosse tão simples assim!
Tudo se resumia a apenas uma palavra!
A maneira como era pronunciada e a entonação de voz é
que modificavam seu significado.
Falar inglês, naquele tempo de
lampião de querosene, no meu pequeno lugarejo, resumia-se a uma única
palavrinha de sete letras, dividida em três silabas: “AN-TRI-CA”!
Minha prima esforçando-se para
que eu aprendesse, repetia várias vezes!
Falava pausadamente, abrindo a boca,
arregalando os olhos e fazendo “bicos”! Eu, imitava com toda atenção, até pegar o jeito!
O sotaque era de fazer inveja! Para
inglês nenhum botar defeito!
O “r” engolido, e o “c” muito bem pronunciado!
Então, “antrica” transformou-se na nossa língua oficial! Quem
quisesse falar português, alemão ou italiano ficassem bem a vontade, nós,
meninas bem informadas, falaríamos somente em inglês!
Era mais ou menos assim:
Quando a intenção era saber se a
outra queria brincar, “antrica” deveria
ser pronunciada de forma interrogativa,
acompanhada de “caras e bocas” e algumas mímicas, se fosse necessário.
Quando uma se chateava com a
outra, “antrica” era gritado!
Seguida de testa franzida, pulos, escabelamentos e gestos
bruscos, evidenciando a irritação!
Se o caso fosse falar de algo
agradável, “antrica” deveria ser pronunciada
e repetido suavemente, acompanhada de sorrisos e gestos leves!
Por si, já era agradável!
“Antrica”, fazia-nos sentir meninas
importantes, muito chiques!
Nossa “chiqueza”, não durou muito
tempo, rendeu muitas gargalhadas e logo caiu
no esquecimento!
O tempo das noites grandes e
escuras ficou para trás!
O lampião de querosene agora, bruxuleia
na penumbra das lembranças!
Depois de muitos anos, reencontrei
minha querida prima!
Entre abraços, nos olhamos e
falamos juntas,...“antrica”!
Com todas as letrinhas esticadas!
Suspirentas, desatamos a rir e a chorar,
“antrica” agora, significava saudades!
Beijos!
Jossara Bes.