Naquele tempo, de lampiões a querosene e colchões de palha, a gente se divertia com coisas muito simples. Uma dessas brincadeiras, era inventar versinhos!
Sem escrita, “construídos” de cabeça, declamados “de vereda”, como dizia meu pai!
E meu pai, tinha um enorme repertório de versinhos prontos, guardados na cabeça, para dizer, assim que fosse solicitado!
Brincávamos de fazer versinhos nas frias noites, daqueles invernos!
Ao redor do fogão a lenha, enquanto minha mãe cozinhava e organiza a vida de todos nós!
Numa dessas noites geladas, Mantino e Mudinho, “meus gnomos da floresta”, apareceram lá em casa na hora da janta, enquanto os versinhos pipocavam na nossa cabeça.
Na minha vez de recitar, sem muito treino de inventar, peguei um de meu pai, decorado na minha cabeça, o primeiro versinho que tenho lembrança, e “lasquei”:
“Lá atrás daquele cerro,
Rola pau rola Pinheiro,
Quem não sabe trovar verso,
Não “estrove” os companheiros”!
Na sequência, Mantino se prontificou a declamar!
Fiquei surpresa! Pois, não imaginava que Mantino fosse capaz de construir um versinho!
Me olhando sorrindo, com seus poucos dentes e a barba branca por fazer, falou com sua voz baixa e fanhosa:
“Lá atrás daquele cerro,
Rola pau rola Pinheiro,
Quem não sabe trovar verso,
Não se meta de paleta”
Foi muito engraçado, pois pensei, e tenho certeza que todos pensaram, que ele fosse repetir o “meu” versinho, só que ele mudou, com maestria, a ultima frase! Rimos muito!
Essas singelas lembranças amornam meu coração, sempre que passeiam no meu pensamento!
E você, brincava do que??
Beijo carinhoso para você que leu aqui!!
Texto e fotografia de Jossara Bes.