Uma vez, quando eu era ainda bem pequena, houve uma tempestade!
Nessa ocasião, um pinheiro (Araucária) enorme, caiu sobre nossa singela casa, que se partiu ao meio!
Ninguém ficou ferido, pois minha mãe, iluminada por Deus, rapidamente nos recolheu e nos acolheu embaixo da mesa da cozinha.
Ficamos ali encolhidos chorando, tremendo de medo, assistindo nossas poucas coisas sendo destroçadas, encharcadas pela chuva, retorcidas pelo vento, se misturando com os galhos verdes do pinheiro!
Entre relâmpagos e lufadas de vento, lembro de minha mãe ensopada, chorando e rezando alto, recolhendo o que conseguia, por entre cacos de telhas e espinhos do pinheiro!
Passado algum tempo, minha mãe me ensinou, que não importa o tamanho da arvore, pois, se as raízes não estiverem firmes, bem ancoradas num solo adequado, o vento arranca, sem dó nem piedade!
E às vezes, nem sequer, precisa de vento, pois a chuva também encharca a terra, afrouxa e extrai o que não tiver profundidade!
A lição do pinheiro arrancado pelo vento, me marcou intensamente!
Já “matutei” muito a cerca da vida, por conta do pinheiro caído que partiu nossa casa ao meio!
Reflexões despertadas e fundamentadas pelas singelas e sabias palavras de minha mãe!
E sempre que as ventanias da vida, chegam sem aviso desarrumando as horas, e as lagrimas encharcam o solo do meu coração;
Me vem a mente, a preciosa lição;
do pinheiro arrancado, por falta de sustentação!
Da casa partida;
de minha mãe, tão querida,
de meu pai,
e meus irmãos!
“Quando as raízes são profundas, não há razão para temer o vento”. (Provérbio chinês)
Texto e fotografia de Jossara Bes.