Naquele tempo, no meu pequeno lugarejo, a fogueira de São João, era um evento!
O gramado, ao lado da venda do seu Romano, na frente da casa de dona Téia, era o lugar escolhido para a construção da fogueira!
Sim gente, era “uma construção”!
Pois, levantar uma fogueira, naquele tempo, demandava engenharia!
A regra básica era:
Queimar até o fim, sem desmoronar! Isso exigia noções rebuscadas de construção!
Passávamos dias juntando “materiais”, - pneus, taquaras, grimpas, galhos e tudo mais que pudesse se transformar em labaredas.
Eu prestava muita atenção nos detalhes da construção:
- Primeiro o mais importante, o centro – um galho reto e alto. Quanto mais alto, melhor!
- Segundo – montava-se a estrutura em volta desse centro guia. Com galhos de pinheiro, grimpas, miã e muitas taquaras.
- Terceiro – um pneu velho, colocado na ponta do galho guia, e outros distribuídos aleatoriamente em volta (Naquele tempo, pneu era raridade).
Não tenho certeza se a gente comia alguma coisa, talvez pinhões, batata doce,...
isso não importava, o ponto alto, o divertido, era ver a fogueira queimar!
Ouvir o zunido, antes das taquaras estourar e faíscas multicoloridas se espalhando, colorindo a escuridão da noite, se misturando com as estrelas do céu!
Eu também virava fogueira, colorida de alegria, correndo por entre faíscas, risadas e gritarias, naquelas mágicas noites de São João!
E ainda hoje, se eu fechar meus olhos vejo e até escuto, cada um de vocês, engenheiros de fogueiras, engenheiros de magias, engenheiros de alegrias, meus queridos da minha infância!
Logo ali, onde o tempo faz a curva e as lembranças dançam, feito labaredas nas fogueiras de São João!
Que São João nos abençoe, nesse e em todos os dias de nossa vida!
“Coração alegre, bom remédio”!
Texto e fotografia de Jossara Bes.