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sexta-feira, 27 de outubro de 2023

FORA DO COMBINADO

 

Todas as noites, antes de minha mãe ir para o quarto dela, passava pela minha cama e apertava as cobertas em volta do meu corpo, da orelha  aos pés, até eu sentir que nenhum ventinho entrasse! Só então, em me sentia pronta para dormir!

 

Todas as noites, quando a vida me apresenta algo fora do combinado, sinto falta das mãos mornas de minha mãe para apertar as cobertas em volta de mim!

 

 

“Coração alegre, bom remédio”!

 

 

Texto e fotografia de Jossara Bes

 


 

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

TATUANDO O CORAÇÃO


 

Nunca fiz tatuagem na minha pele, mas são varias as cicatrizes impressas nas minhas carnes.

Sinais, que contam  as histórias de minha infância!

Marcas que o tempo não apaga!

 

E sempre que alguém me pergunta:

— O que foi isso? Apontando para algum sinal na minha pele. Imediatamente me transporto no tempo e volto para o meu pequeno lugarejo, onde minha infância mora.

Lá, onde as histórias acontecidas careciam de “registro”. Nem que fosse na carne, nos ossos ou na pele.

 

Se doeram?

— Santa Barbina! Naquele tempo, não se costurava carne do corpo com linha e agulha, minha vó Ziroca era quem “cozia” com ramos, rezas e muita banha de porco. As carnes se emendavam, os ossos se grudavam e a vida seguia!

 

Eu, menina brincadeira, com faísca nos olhos ( meu pai que disse), asas nas pernas e traquinagens na cabeça, vivia remendada, esfolada, escalavrada e muito feliz!

 

Foram muitos galos na testa, dedos com unhas arrancadas, talhos nos pés e pernas, queimaduras e tudo mais que você possa imaginar!

Cada sinal no meu corpo é uma boa história para contar e me lembrar de não levar a vida muito sério!

 

Vamos brincar?

 

 

Texto e fotografia de Jossara Bes.

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

DE MÃE PARA FILHO


 

Todos os anos, uma Sabiá laranjeira faz seu ninho no pilar da varanda aqui de casa!

Penso que seja da mesma família! E até imagino a “Mãe Sabiá”, antes de liberar os sabiazinhos  para mundo passarinheiro, recomendando:

— Vejam bem,  aqui é um bom lugar!

 

E esse ano são três, esfomeados, ávidos por minhocas!

Durante o dia, observo os voos do casal de sabiás, que me parece, não descansam, nem se cansam, passam o dia alimentando os três “bicudinhos”.

Os pais Sabiás com olhos espertos, simplesmente fazem o que precisa ser feito, pelo tempo que for necessário!

 

E...as vezes aparece um gato,

rondando as crias!

Então,... algazarra e  gritarias,

Mãe Sabiá, desesperada

Pai Sabiá, se arrisca nas revoadas!

 

E o gato,... nem se abala,

... Até ouvir minha fala!

Um tanto contrariado,

Escala o muro, corre, injuriado

E some, do outro lado!

 

Imagino, Mãe Sabiá, um tanto agradecida,

Sorrio, meio sem jeito,

Me sentindo “salva vidas”!

 

 

...E assim, vou  passeando pelos dias!

 

“Coração alegre, bom remédio”

 

Texto e fotografia de : Jossara Bes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

BOM DIA, VIDA!

 

— Bom dia, tudo bem?

Normalmente, respondemos sem pensar:

— Tudo bem!

 

Tudo bem, sim! Pois, se respondemos, seja virtual ou ao vivo, é porque estamos “VIVOS”!

 

Estamos plenamente “VIVOS”, honrando a divindade de nosso “SER”?

 

O simples fato de “ACORDAR” para mais um dia, já é motivo suficiente para nosso coração estufar de  entusiasmo, visto que, milhares de pessoas no planeta, podem não ter tido a mesma sorte que nós,  e não abrirão seus  olhos nunca mais!

Vamos lembrar isso, todos os dias ao acordar?

 

E, como dizia minha Mãe  querida, ...”Só não tem remédio para a morte”!

 

Então,... fé na vida, muito amor no coração, fazendo o que precisamos da melhor forma possível, pois essa é a nossa parte!

 

 

“Coração alegre, bom remédio”!

 

Texto e fotografia de Jossara Bes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

BOA DE BICO


 

Não sou especialista em nada, mas fico dentro da média, em algumas coisas!

Coisas essas, que na maior parte, não tem serventia para nada, mas resgatam lembranças de bons tempos e as gentes do meu coração!

Pois, naqueles tempos, os miúdos aprendiam comer, depois a andar com as próprias pernas, aprendiam a falar e logo em seguida, nos ensinavam assobiar!

É sim!

Aprender assobiar era uma etapa importante da criancice!

 

Alguns tinham facilidade, logo pegavam o jeito e orgulhosas se amostravam, “trinando o bico”!

Já eu, ficava era bicuda e estonteada de tanto soprar e nada de sair silvo algum de meu bico!

Chorava de brabeza, pois meus irmãos que já sabiam, juntos com meu pai, o melhor assobiador que conheci, rolavam de rir do meu vão esforço!

Meu pai assobiava a “marca” (musica) que a gente pedisse e ainda “floreava”, como ele dizia!

 

Ah, mas eu era uma menina muito esforçada, quando queria!

Demorei, mas aprendi!

 

No começo, do “meu bico”, só saia  “ fiu - fiu”, sem ritmo nem poesia! Mas fui treinando,me esforçando, tentando imitar  meu pai e  outras pessoas assobiadeiras que eu conhecia!

 

Não me lembro de ouvir minha mãe ou outras mulheres assobiando!

Será que assobiar, naquele tempo, não era considerada uma coisa elegante para meninas?

Se não era, ninguém me avisou sobre isso!

Talvez, pela probabilidade de formação de  “código de barras” no lábio superior!

Não sei!

O fato é que aprendi e sei até hoje, assobiar muito bem!

 

No domingo passado, assobiei parte do hino rio-grandense e mandei para a rádio Gazeta, Programa Alma Gaúcha, do Sr. Antonio Pereira.

E não é que meu assobio foi para o ar!

 

Meu pai deve estar pensando:

— Mas, veja só! Não é que a “Gasguita”, (assim me chamava, quando queria me zoar) ficou boa de bico!

E você aí,..

 “Sabia que o sabiá sabia assobiar”?

 

 

“Coração alegre, bom remédio”!

 

Texto e fotografia de Jossara Bes.