Não sou especialista em nada, mas fico dentro da
média, em algumas coisas!
Coisas essas, que na maior parte, não tem serventia
para nada, mas resgatam lembranças de bons tempos e as gentes do meu coração!
Pois, naqueles tempos, os miúdos aprendiam comer,
depois a andar com as próprias pernas, aprendiam a falar e logo em seguida, nos
ensinavam assobiar!
É sim!
Aprender assobiar era uma etapa importante da
criancice!
Alguns tinham facilidade, logo pegavam o jeito e
orgulhosas se amostravam, “trinando o bico”!
Já eu, ficava era bicuda e estonteada de tanto
soprar e nada de sair silvo algum de meu bico!
Chorava de brabeza, pois meus irmãos que já sabiam,
juntos com meu pai, o melhor assobiador que conheci, rolavam de rir do meu vão
esforço!
Meu pai assobiava a “marca” (musica) que a gente
pedisse e ainda “floreava”, como ele dizia!
Ah, mas eu era uma menina muito esforçada, quando queria!
Demorei, mas aprendi!
No começo, do “meu bico”, só saia “ fiu - fiu”, sem ritmo nem poesia! Mas fui treinando,me
esforçando, tentando imitar meu pai e outras pessoas assobiadeiras que eu conhecia!
Não me lembro de ouvir minha mãe ou outras mulheres
assobiando!
Será que assobiar, naquele tempo, não era considerada
uma coisa elegante para meninas?
Se não era, ninguém me avisou sobre isso!
Talvez, pela probabilidade de formação de “código de barras” no lábio superior!
Não sei!
O fato é que aprendi e sei até hoje, assobiar muito
bem!
No domingo passado, assobiei parte do hino
rio-grandense e mandei para a rádio Gazeta, Programa Alma Gaúcha, do Sr.
Antonio Pereira.
E não é que meu assobio foi para o ar!
Meu pai deve estar pensando:
— Mas, veja só! Não é que a “Gasguita”, (assim me
chamava, quando queria me zoar) ficou boa de bico!
E você aí,..
“Sabia que o
sabiá sabia assobiar”?
“Coração alegre, bom remédio”!
Texto e fotografia de Jossara Bes.