No
ultimo sábado, dia 13 de agosto, durante a Feira do Livro na cidade de Santo Ângelo,
(RS) houve o lançamento do livro, “3º Concurso de Contos 2015, Patrono: João
Simões Lopes Neto”.
361
contos concorreram, sendo que 25 foram selecionados para compor o livro.
Estou
feliz, pois meus contos classificaram nos três concursos.
Nessa
edição inscrevi o conto, “Minha Velha”, memórias de minha infância e homenagem
a minha avó paterna.
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MINHA
VELHA
Quando
uma coruja “rasga mortalha” cantar em cima do telhado de madrugada, é a “da
foice” a rondar!
- Bicho
agourento, adivinhando morte, farejando defunto!
-
Santa Barbina!
- Três
vezes sinal da cruz!
- Xô,
espanto! Deus há de livrar!
Levanta
a velha num sobressalto!
Santo
rosário enrolado em uma das mãos, na outra a lamparina bruxuleante, alumiando os
passos arrastados.
Vai
benzendo, desenhando uma cruz imaginária, cômodo a cômodo, protegendo a casa, afastando o mau presságio.
-
Xite, bicho!
Grita
a velha, arreganhando a janela de tábua, na escuridão gelada da madrugada.
A
velha tem o tempo desenhado na pele e a sabedoria dos antepassados ecoando nas palavras
abençoadas. Sabe das rezas, das novenas dos santos e da novena dos sete
inocentes.
A escuridão
espreita a velha, que afasta os males com ramo bento e benzedura!
-
Xite bicho!
Ajeita
o ramo de arruda na orelha, fecha a janela e solita reza para as almas penadas.
A
velha sabe das ervas que curam os males do corpo e os males da alma!
Reza
para São Brás para curar os males da buchada e Santo Antônio para arranjar
marido para moça encalhada.
Rezas
de um tempo muito antigo, que ganhou de herança de algum parente.
Ela
sabe ler o céu!
Sabe
do tempo das secas e do tempo de chuvas grandes!
Sabe
que criança gosta de vir ao mundo nas
mudanças de lua, e quem conta estrelas ganha
verrugas.
A
velha sabe tirar mau olhado, míngua de
criança novinha e olho grande.
Recomenda
que sair do quente e ir para o frio entorta a cara da gente, e que
assoviar
à noite, atrai almas penadas.
Reaviva
o braseiro do fogão, aquenta o óleo de mocotó, afumenta as juntas para modo de
desentrevar, passa na cara para dar brilho na pele e nos cabelos para fortificar.
A
velha remexe o fogo. A coruja agourenta
silencia. Solita espera o novo dia que se anuncia!
Beijos!
Jossara
Bes.
Que lindo, nossa, amei ler aqui, me lembrei de minha avó, ela benzia com ramo de arruda e a gente conseguia sarar, ficar bem!
ResponderExcluirLendo aqui me transportei, portanto acredito que conseguistes atingir a maioria que também pensa e acredita no que os antepassados diziam!
Parabéns, não poderia ser diferente, merecestes entrar para a seleção!
Abraços bem apertados amiga Jossara!
Boa noite querida amiga! Parabéns pela conquista, sua maneira de escrever nos absorve a atenção, é terna e cheia de uma sabedoria alicerçada na simplicidade. Que bom que agora muitas pessoas mais podem desfrutar da leitura de suas palavras e conhecer um pouco sua velha avozinha...conheci muitas senhoras como ela, que infelizmente estão rareando, pois poucas pessoas hoje em dia se interessam em ler a natureza e aprender com ela.
ResponderExcluirUm grande e carinhoso abraço!
B&G
Parabéns pelo conto! Guarda contigo essa sabedoria antiga pra contar pra gente. Um abraço, Yayá.
ResponderExcluirOi Jossara,
ResponderExcluirParabéns pela classificação dos seus contos nos concursos.
Adorei o conto! Me faltou uma avó neste estilo para me dar uma banho de sabedoria popular.
Bjs
Ah! Santa Cruz, valha me Deus!!! bicho agoirento, alma penada e coisa que o valha! Cruzes credo!.
ResponderExcluirHistórias ou contos antigos que todos nós gostamos de ouvir. Está perfeito e estás de parabéns.
Beijinhos cá do Algarve
Parabénnnnns, a memória afetiva ,o místico costurado com poesia..Fico encantada com tuas lindas palavras que possibilitam o filosofar .
ResponderExcluirParabéns. Seu conto é uma poesia só
ResponderExcluirLindo conto, Jossara!
ResponderExcluirRepleto de sabedoria popular de uma forma poética e muito gostosa de ler.
Parabéns!
Bjs
OI JOSSARA!
ResponderExcluirADOREI.
O PALAVREADO NOS ARREMETE AOS TEMPOS ANTIGOS ONDE AS REZADEIRAS TINHAM O RESPEITO DE TODA UMA COMUNIDADE.
PARABÉNS PELA CLASSIFICAÇÃO DE TEUS CONTOS.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Não gostaria de me colocar nos tempos antigos da "tua" Velha; ouvi muito "deste" conto, nos anos da minha infância...
ResponderExcluirAs coisas são como são, mas foi bom retornar a essa época de rezas, crendices e benzeduras.
Parabéns pelo Roteiro do teu Conto.
Beijo
SOL
Outros tempos, outras culturas, outras formas de ver o mundo...
ResponderExcluirGostei, Jossara, desse conto/homenagem onde as palavras não se conseguem separar dos afectos.
Parabéns
Um beijinho :)
Outros tempos, outras culturas, outras formas de ver o mundo...
ResponderExcluirGostei, Jossara, desse conto/homenagem onde as palavras não se conseguem separar dos afectos.
Parabéns
Um beijinho :)
Parabéns! Um belo conto. Me fizeste voltar ao tempo. Belíssimo.
ResponderExcluirBjos tenha um ótimo fim de semana.
Lindo!!! Lindo!!!
ResponderExcluirCompartilhei no meu Facebook: "MINHA VELHA
É um Conto de autoria de minha amiga Jossara Bes, premiado no dia 13 de agosto de 2016, durante a Feira do Livro na cidade de Santo Ângelo-RS, no lançamento do livro: “3º Concurso de Contos 2015, Patrono: João Simões Lopes Neto”.
Dos 361 contos que concorreram, 25 foram selecionados para compor o livro.
Parabéns, Jossara Bes!!!
Seu conto me trouxe muitas recordações. Acredito que a misticidade dessas "Velhas" era uma Marca e fez parte de nossas infância.
Também, eu partilho de vivência similar com "Minhas Velhas"!!!"
Beijão, Amiga!!!